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Cavalo morre em cidade catarinense e dono suspeita de mordida de morcego

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Cavalo morre em cidade catarinense e dono suspeita de mordida de morcego

A morte de um cavalo em uma fazenda no interior de Taió, no Alto Vale do Itajaí, preocupa o dono da propriedade. Ele acredita que o animal foi infectado pelo vírus da raiva através de uma mordida de morcego vampiro.

Marcelo Albuquerque, que é veterinário e proprietário do local, falará sobre o tema nessa segunda-feira (16) na Rádio Educadora a partir das 7h30. Ele conta que os animais dele são vacinados contra raiva, mas recentemente um amigo deixou o cavalo, que não tinha imunização, sob seus cuidados.

Há dias o equino apresentou o sinal da mordida. Não demorou muito para os sintomas da doença aparecerem também: ele foi perdendo coordenação motora e força nas pernas até ter sofrido, provavelmente, insuficiência pulmonar.

Apenas após exames laboratoriais será possível confirmar a causa da morte. No entanto, Albuquerque conta que até o momento nenhum técnico da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) recolheu material para análise.

Controle populacional

Esta não é a única crítica que o veterinário faz ao órgão estadual. De acordo com ele, há cerca de quatro anos o número de morcegos vampiros só aumenta na região.

“É um descaso. Eu estou pedindo há quatro anos para o Cidasc fazer a captura desses morcegos. Uma técnica veio aqui em 2016, constatou que eles ficam em um rancho da fazenda e nunca mais voltou. Eu comunico e eles não fazem nada”, indigna-se.

Os morcegos hematófagos são conhecidos como vampiros por se alimentarem exclusivamente de sangue de vertebrados. As presas preferidas são mamíferos mansos, como cavalos e porcos.

A alimentação ocorre pela noite, quando os alvos normalmente estão dormindo. Se o morcego possui o vírus da raiva, ele é transmitido através da saliva. Do contrário, a mordida não causa grandes malefícios aos animais, exceto pelas pequenas feridas.

Em humanos, porém, as chances de ocorrer uma mordida é muito pequena. A bióloga de Blumenau, Sabrina Lenoir, explica que, diferente do que é visto em filmes, o morcego não ataca pessoas e tampouco permanece grudado em pescoços.

“Eles normalmente escolhem lugares que os animais não vão conseguir retirá-los, como patas e costas. Eles fazem um pequeno corte com os dentes, mas não dá para sentir, porque há uma substância anestésica na saliva”, descreve a bióloga.

Enquanto o sangue escorre, o morcego lambe o líquido até ficar saciado.

Controle populacional

O controle ocorre através de pastas venenosas que são grudadas nas costas dos animais com o auxílio de uma rede. Como eles se lambem como forma de limpeza, acabam morrendo.

A ação precisa ser feita por profissionais especializados, já que os dentes afiados dos morcegos podem ferir e trazer a doença.

“Há alguns anos havia equipes de captura em alguns pontos do estado. Atualmente parece que há apenas uma em Florianópolis para atender toda Santa Catarina”, conta Albuquerque.

De hábitos noturnos, como qualquer outro morcego, os hematófagos preferem regiões montanhosas e mais altas. Alojam-se em ranchos abandonados e cavernas, sempre em meio a muita mata. Por isso há registro da presença deles em todo o Vale do Itajaí.

“A melhor forma de proteger os animais é fechá-los em estábulos durante a noite. Até porque não tem como exterminar os morcegos”, aconselha Sabrina.

O que diz o Cidasc

A veterinária da unidade do Cidasc de Taió, Patrícia Vieira, explica que o animal pode ter morrido por diversas causas. Ela não quis detalhar o assunto, mas confirmou que análises serão feitas para apurar o caso.

“Estou há sete anos aqui e nunca tivemos um caso de raiva. O que vai defender os animais não são as capturas, mas sim as vacinas, que são de responsabilidade dos produtores”, disse.

Há apenas um profissional por regional responsável pela captura dos animais. O de Taió, por exemplo, fica em Rancho Queimado. Assim, a falta de pessoal acaba dificultando a execução da alta demanda de serviço.

Patrícia garante que ocorrências como essa não são comuns. Além disso, salienta que mordidas em humanos são ainda mais raras. O caso de raiva humana registrado no Sul do estado este ano, que matou uma mulher de 58 anos, foi uma ocorrência, segundo Patrícia, de “raiva urbana”:

“Isso não tem nada a ver com morcego. A raiva urbana vem do cachorro infectado. A presença de morcegos hematófagos não é alarmante”, tranquilizou.

O que fazer em caso de mordida

Apensar de incomum, uma pessoa pode ser mordida por morcegos vampiros. Isso ocorrerá se ela dormir sob uma colônia, em meio ao mato, ou em uma residência rural que não possui proteção adequada.

Se perceber a mordida, a vítima deve seguir imediatamente a uma unidade de saúde para tomar a vacina contra raiva. Se o animal estiver doente e infectar o humano, as chances de sobrevivência são mínimas. (Informações ND Mais)