Home Destaques Empresa chinesa estuda não entregar os 150 respiradores restantes para SC

Empresa chinesa estuda não entregar os 150 respiradores restantes para SC

0
Empresa chinesa estuda não entregar os 150 respiradores restantes para SC
Cerca de 100 policiais civis, militares e rodoviários federais participaram da Operação Oxigênio (Fotos: Polícia Civil)

Estado – Os 50 ventiladores pulmonares, mais conhecidos como respiradores, que chegaram a Santa Catarina na semana passada, podem ser declarados como perdimento pela Receita Federal, que é quando um bem importado fica para a Fazenda Pública. Isso se deve as denúncias de irregularidade envolvendo o caso Veigamed.

Quanto aos 150 que ainda estão na China, a empresa Aeonmed estuda a possibilidade de cancelar o pedido, fazendo com que não cheguem ao estado. Acontece que de acordo com a fábrica chinesa, o shopping online de compras Africamed, ao efetuar a compra sem a autorização da Exxomed, única empresa autorizada no Brasil a importar, ou autorizar a importação do produto, teria mentido ao dizer que os respiradores haviam sido negociados para a Espanha.

Ao saber do imbróglio que está acontecendo em Santa Catarina envolvendo a sua marca, a Aeonmed pediu explicações à Africamed e, a informação é de que se não houver uma boa explicação comprovada com a apresentação de documentos, para o fato dos equipamentos terem sido enviados ao Brasil, a programação de compra deve ser cancelada.

A informação foi passada pela fabricante chinesa, ao CEO da Exxomed, Onofre Neto, que praticamente todas as noites mantém contato com a sede da empresa em Pequim. “Nos próximos dias eles emitirão um comunicado sobre a situação dos equipamentos comprados para Santa Catarina”, me disse o empresário.

Neto relatou que soube da situação somente no início de abril, quando participou de uma reunião na Defesa Civil. Na oportunidade lhe foi dito que uma empresa estaria comprando os equipamentos da Aeonmed, o que motivou alguns dias após, o envio de um e-mail informando que na condição de representante da empresa chinesa no Brasil, que não tinha conhecimento algum da negociação.

Mesmo tendo exclusividade, o empresário explica que qualquer empresa que tivesse o Certificado de Autorização de Funcionamento (AFE), ou se até mesmo o Governo do Estado quisesse comprar diretamente do fabricante, a Exxomed poderia ter emitido uma DDR, que é uma declaração que permitiria a aquisição dos respiradores seguindo todos os trâmites legais. “Em momento algum a Veigamed, nem o governo, nem a trade nos procuraram para pedir informação”, lamentou.

Questionei se o valor de cada aparelho ficaria mais em conta, se tivesse sido adquirido junto a Exxomed, ou direto do fabricante. Segundo Onofre Neto, devido ao Coronavírus, os valores tiveram um acréscimo, porém, acredita que mesmo com o dólar a R$ 5,90, além do frete mais caro, o aparelho que custou R$ 165 mil ao governo catarinense, no máximo chegaria aos R$ 120 mil, ou seja, R$ 40 mil de economia. “Antes do Covid esse equipamento ficava em torno de R$ 70 mil”, afirmou. Já sobre o respirador mais adequado, Neto acredita que ao invés de ter comprado o Shangrila 510S, o recomendado seria o do modelo VG70.

Sem acompanhamento

O CEO da Exxomed, Onofre Neto, explicou ainda que cada respirador tem um número de série, o que permite, tanto à fábrica, quanto aos representantes em cada país, acompanhar o comportamento do equipamento desde quando é fabricado e, dar manutenção até o seu uso final. De acordo com Neto, da forma que chegou a Santa Catarina, os equipamentos adquiridos até o momento, não terão assistência técnica, nem o treinamento adequado para a instalação. “O que eles vão fazer é retirar o equipamento da caixa e farão a instalação de qualquer jeito”, disse, destacando que para atuar no mercado, a Exxomed desde 2018 quando iniciou, obteve a certificação do Inmetro, certificado internacional e sua equipe de engenheiros foi treinada pela Aeonmed.

Crítica

Em outro ponto da conversa, o CEO da Exxomed, Onofre Neto, critica a postura do Governo do Estado. Ele disse não acreditar que dentro da Secretaria de Estado da Saúde, não tenha alguém que tenha o conhecimento do processo ideal. “Não posso acreditar que o sistema do governo seja tão frágil. Pagaram R$ 33 milhões sem ter o equipamento entregue, é muito perigoso fazer isso”, afirmou, destacando que para quem é da área médica, é sabido que há um rito, como consultar a Anvisa entre outras consultas. “Existe um rito e neste caso, não foi seguido por algum interesse”, disse Neto. Ainda sobre o pagamento adiantado, ele disse que tem sido uma prática com vários países, porém, sempre o comprador exige uma carta fiança de garantia no mesmo valor. (Informações SC em Pauta)