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Família de Chapecó relata o drama de viver em chiqueiro

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Família de Chapecó relata o drama de viver em chiqueiro

Chapecó – Na manhã desta quarta-feira (11), quando os termômetros chegavam à 6°C em Chapecó, ao lado de um fogão à lenha e com um casaco doado, estava Patrícia Miranda Rodrigues Portes. Gestante, casada e mãe de dois meninos, ela tem 23 anos.

Em uma moradia improvisada, aos fundos de um chiqueiro a jovem buscava se aquecer. Há sete meses, Patrícia, o marido e os filhos, dividem o local com animais da propriedade, na área rural do bairro Boa Vista, em Chapecó.

Enquanto isso, dentro do espaço cercado com chapas de madeirite e forrado com lençóis, estava o filho mais novo do casal: Victor, de três anos. Sentado em um sofá amarelo, enrolado em um cobertor e entretido com desenhos animados em uma televisão pequena; enquanto o pai trabalhava e o irmão mais velho estava na aula. A família ainda irá contar com um bebê que deve nascer até o final do próximo mês.



Antes, a família morava no porão de uma residência que fica ao lado, onde pagavam R$ 150,00 de aluguel. Diante das dimensões e a quantidade de pessoas, eles precisaram achar uma alternativa ‘melhor’, temporariamente.

— “Era um lugar muito apertado, mal cabia uma cama. Para mim não adiantava, por causa dos meus filhos, ainda mais estou grávida”, contou a jovem.

Sem um lugar melhor para ficar, o dono da propriedade emprestou o espaço destinado aos animais, para à família morar, até que construam a própria moradia em um terreno que ganharam, ao lado do chiqueiro.

— “Ele deu o lugar (chiqueiro) para nós morar até que nós faça a casa ali, mas nós só conseguimos o telhado. Ainda falta as tábua para fechar a casa”, argumentou Patrícia.

A mulher morava no litoral catarinense com a sogra, mas por motivos familiares achou melhor mudar-se para Chapecó. Atualmente, apenas o esposo de 23 anos trabalha. “Ele trabalha com reciclagem. Nós se sustentamos apenas com o salário que ele ganha, que é no máximo R$400,00 e o bolsa família que é R$ 163,00”, comentou. Segundo Patrícia, em 2013 devido à um problema de saúde ela saiu da empresa onde estava na experiência em Seara. Grávida do primeiro filho, a jovem precisou largar os estudo na 7ª série.


INVERNO

Patrícia afirma que está sendo complicado aquecer-se neste inverno. Em uma das noites mais frias do ano, a família se esquentou com doações.

— “Ontem nós fomos buscar umas cobertas que uma mulher deu lá no Efapi, mas nós estávamos passando até frio. Pedi ajuda para minha amiga 1h da madrugada, porque não tinha o que fazer”, disse.

No oitavo mês de gestação e com dois meninos de nove e três anos, Patrícia diz que sente medo de perder os filhos para o Conselho Tutelar. ”Vai nascer no final de agosto e eu estou aqui nesse lugar. Eles querem que eu saia daqui de tudo jeito, mas vou pra onde? Não tenho pra onde ir com as crianças”, justificou a gestante que espera a primeira menina. “Graças à Deus, uma menina para me ajudar”.

Além disso, a jovem conta que no local, devido as condições, também há presença de roedores. “Tem bastante rato aqui, meu Deus. Antes de nós vim morar, já tinha bastante sujeira. “Eu tenho medo de cobra, mas ainda não vi aqui. Já encontrei aranha grande”, afirma.

Rodrigues comenta que um dia estava dormindo e sentiu um bicho caminhando no pescoço. “Eu matei. Olhei no outro dia, vi que era uma aranha”, relembra.


ALIMENTAÇÃO

Com apenas um litro de óleo de cozinha e um pacote de arroz em cima de uma mesa, a jovem aponta a mão e diz “Nós estamos com isso e um pacote de açúcar ali dentro. A geladeira está praticamente vazia, até peguei e desliguei ela”. Uma sacola com carnes que receberam junto com as doações dos cobertores, era a mistura para o próximo almoço da família. “Está precária a situação, mas vamos fazer o que?” disse.

A família recebe ajuda do município. “Estou me virando do jeito que posso. Na assistência social eu ganho por mês, mas como somos em quatro, a comida não dura”, explica a mulher.

AJUDA

Diante da situação, uma equipe de fiscalização – que ela não soube especificar quem – foi até o local conversar com Patrícia. Ela conta que os profissionais orientaram ela procurar outro espaço para morar, pois não há condições de ela dar luz ao bebê e retornar para o local. “Aí eu pedi para eles me esperarem mais um mês, foi quando eu procurei ajuda com minha amiga”, contou. Através das redes sociais, Beatriz, que é amiga de Patrícia, pediu auxílio da comunidade e a situação tornou-se pública.

Patrícia afirma que tem poucas roupas para a bebê que vêm aí. “Minha sogra deu uma sacola (com roupas), uma mulher me deu outras, só que são de meninos, mas vou colocar mesmo assim, não tem outras. Fraldas não tenho.”

— “Me sinto muito mal. Se fosse só eu e ele, mas com as crianças junto passando por essa situação que a gente passa”, lamenta.

Endereço da família.

Patrícia disse que precisa de ajuda da comunidade. Atualmente, a família precisa de roupas para os filhos, além de comida e materiais para construção para à casa.

Telefones para contato: (49) 9 9810-5669 ou (49) 9 8836-6104.


Fonte: CLICRDC/Willian Ricardo