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SC ocupa a segunda posição em doação de leite materno no país

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SC ocupa a segunda posição em doação de leite materno no país

Sofia nasceu com 33 semanas e 1,5 quilo na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis. Para conseguir os 35 mililitros de leite que consome por sonda a cada três horas na UTI neonatal da instituição, a bebê precisou de uma rede de mulheres dispostas a ajudar. A mãe da menina, a servidora pública Cintia Zimmermann Melo, de 31 anos, não produzia o alimento, então a doação de outras mães ao Banco de Leite da maternidade ajudou a dar à filha todos os nutrientes necessários.

— A gente fica mais tranquila, cada dia aqui é uma vitória — diz Cintia, que ainda não tem previsão de quando levará Sofia para casa.

Santa Catarina se destaca na doação de leite humano, fundamental para atender principalmente aos bebês prematuros e de baixo peso em unidades neonatais. Os 13 bancos de leite e seis postos de coleta (que enviam o alimento para ser pasteurizado em um banco associado) do Estado já distribuíram neste ano 4,3 mil litros, o que o coloca atrás apenas de São Paulo em números absolutos. Os dados são da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.

Já em coleta per capita (o quanto é coletado por doadora), Santa Catarina apresenta a melhor média do país. Mas ainda há desafios. O principal está na cobertura dos bancos de leite catarinenses: apenas 42% das UTIs neonatais do Estado estão vinculados a um banco, afirma Maria Beatriz Reinert do Nascimento, médica pediatra e coordenadora do Banco de Leite da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, referência da rede estadual.

— Ou seja, mais da metade dos bebês prematuros do Estado não têm leite humano pasteurizado disponível. O ideal seria que todos os locais estivessem vinculados a um banco de leite ou posto de coleta, que é inclusive uma exigência do Ministério da Saúde — diz.

A especialista afirma que quando não há banco ou posto de coleta, eles utilizam leite cru da própria mãe ou uma fórmula infantil para os prematuros. Maria Beatriz destaca que essas receitas, porém, principalmente nos primeiros dias de vida têm riscos. Podem levar a uma infecção grave no intestino do recém-nascido ou induzir a uma alergia à proteína do leite de vaca, por exemplo.

Dois novos pontos de coleta podem melhorar índice

Danielle Aparecida da Silva, gerente do Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), referência da rede brasileira, afirma que o Brasil todo sofre destemesmo problema, porque tem mais UTIs neonatais do que bancos de leite humano.

— No Acre, por exemplo, tem só um banco de leite para atender todo o Estado. Precisamos de mais investimento público e também parcerias com empresas privadas porque há muitas unidades neonatais em hospitais particulares — defende.

Danielle diz que nos próximos estudos a cobertura em Santa Catarina pode melhorar. Isso porque a rede foi ampliada recentemente. Em outubro, um posto de coleta foi instalado no Centro Hospitalar Unimed, em Joinville, e neste ano no Hospital Universitário da UFSC, em Florianópolis. Mas regiões como o Oeste ainda precisam ampliar a cobertura, afirma a especialista.Além disso, os próprios bancos de leite enfrentam dificuldades para atender a demanda interna. O da Carmela Dutra, por exemplo, está com os estoques no limite. Hoje são 14 doadoras, mas o leite doado não consegue atender a todos os recém-nascidos internados nos 17 leitos da instituição.

— O ideal seria no mínimo 20 mães doadoras por mês para termos estoque. Não estabelecemos mínimo para doar, qualquer quantidade é bem-vinda — reforça a responsável pelo banco, Karine Toninelo Vieira. (DC)