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Santa Catarina registra queda de 23% nos homicídios no semestre

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Santa Catarina registra queda de 23% nos homicídios no semestre

Estado – Santa Catarina registrou queda de 23,4% no número de homicídios no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. São 104 assassinatos a menos nos primeiros seis meses – é a diferença entre os 443 de 2018 e os 339 de 2019. As informações são da NSC. 

Em Florianópolis, a redução foi ainda maior: 57,1% – o número caiu de 63 para 27. Os dados, que levam em conta crimes registrados entre 1º de janeiro e 1º de julho, são da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC).

De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Araújo Gomes, a redução dos números era uma tendência esperada em meio ao planejamento adotado no Estado há pouco mais de um ano. Atualmente à frente do Colegiado Superior de Segurança Pública de SC, o coronel pontua três eixos responsáveis pela queda, que vão de ações mais rígidas de enfrentamento à aproximação da comunidade.

— Temos a convicção de que a mudança ocorreu devido às estratégias ligadas às forças policiais. Se colocou a polícia mais em contato com criminosos violentos, onde encontramos resistência e tivemos enfrentamentos, alguns letais. Mas, quando a estratégia ficou mais consolidada, os números caíram — avalia.

Segundo Araújo Gomes, a presença mais proativa da polícia nas ruas, especialmente nas comunidades consideradas mais violentas, resultou na apreensão de armas e na prisão de lideranças e de criminosos reincidentes, o que refletiu nas estatísticas.

— Ainda criamos uma base de sustentabilidade, com ampliação de programas preventivos, como a Rede de Vizinhos, a Rede Escolar e a Rede Catarina, que contribui com a segurança, inclusive dentro de casa, no ambiente doméstico e que nos aproxima da comunidade — frisa.

Especialista analisa dados

Da mesma forma, o analista de segurança Eugênio Moretzsohn entende a aproximação que já ocorre como uma das razões que contribuíram para a queda nos índices. Segundo ele, conversar com a população “eleva o nível de confiança nas instituições e a sensação de segurança de modo geral”. O especialista ainda sugere mais uma possibilidade para melhorar o vínculo.

— Minha sugestão é instituir o “feedback do 190”. Quando o cidadão alerta as autoridades pelo número de emergência sobre a presença de suspeitos ou por ter percebido alguma situação suspeita, poderia receber um retorno, um posicionamento sucinto e um agradecimento sobre a situação relatada, pois tal prática fortaleceria os vínculos e aumentaria o interesse em cooperar — aconselha.

Moretzsohn também elogia a conduta das lideranças em relação aos profissionais que atuam nas ruas, de forma direta, pois, segundo ele, os profissionais apresentam melhor desempenho quando mais motivados. O analista também considera a integração entre as instituições da segurança pública um ponto positivo no Estado.

Divergência nos números da Capital

O titular da Delegacia de Homicídios de Florianópolis, delegado Enio de Oliveira Matos, contabiliza outro número para a Capital: são 32 homicídios até o dia 1º de julho deste ano, cinco a mais dos que foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de SC. Desses, nove foram por intervenção policial.

No ano anterior, no mesmo período, o número foi mais do que o dobro, segundo o delegado: 82 crimes. O titular da Delegacia de Homicídios informou que não responde por números contabilizados em outras planilhas, como os que são divulgados por outros órgãos (no caso, pela SSP-SC).

— Eu sei dos homicídios sob o meu controle — resume.

Ele explica que a queda apresentada na tabela da Delegacia de Homicídios da Capital é significativa porque muitos dos envolvidos, identificados pela polícia, estão presos. Ao contrário de anos passados, quando as facções foram consideradas mandantes de parte dos assassinatos ocorridos, em 2019 o que motivou a maioria das mortes, segundo Enio, foram as brigas de família, entre vizinhos, rixas entre desafetos que atuaram sob efeito de álcool ou drogas.

— A complexidade da investigação é a mesma, porque ocorrem nas mesmas áreas — salienta o delegado.

O índice de resolubilidade atualmente é de 90,63%, de acordo com Matos. Foram 29 casos resolvidos dos 32 registrados até a data do levantamento.

Em Florianópolis

A Delegacia de Homicídios da Capital tem os seguintes números sobre assassinatos no primeiro semestre:

– Em 2018, foram 82 homicídios

– Em 2019, foram 32 homicídios

Integração entre governo estadual e município

Secretário de Segurança Pública de Florianópolis, Alceu de Oliveira Pinto Junior justifica a redução de mais da metade dos homicídios na cidade a uma junção de estratégias. Conforme ele, os números legitimam a integração entre Estado e município.

— Nós já esperávamos essa queda desde a implementação do plano estadual no ano passado, com uma inserção policial nas comunidades mais violentas, onde havia confrontos frequentes entre as facções. Após a realização das operações “sufoco” — quando faz uma saturação da área com policiais, sufocando a criminalidade —, o município conseguiu entrar e ocupar esses locais com a implementação de projetos sociais — ressalta.

Essa ocupação feita pelo município, com assistência social, pavimentação de ruas, reurbanização, construção de áreas de esportes, investimento em praças, para tornar os espaços públicos voltados às comunidades, é o segundo momento da estratégia, conforme Alceu.

— A própria orientação do prefeito, para que a Guarda Municipal deixe de atuar somente no Centro, como era anteriormente, contribui para essa mudança. É uma tendência de ocupação do Estado. A gente tira o domínio das facções, dos criminosos, e ocupa as áreas, permitindo à comunidade que circule tranquilamente, o que não ocorria em muitos locais há dois anos, por exemplo — completa o secretário da Capital.

Homicídios
(Foto: Artes NSC)