Brasil – O Ministério da Agricultura divulgou nesta terça-feira uma lista com 21 empresas que serão investigadas em decorrência da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. A operação da PF, a maior da sua história, foi deflagrada na última sexta-feira e apura se houve fraude cometida por fiscais na liberação de carnes e outros procedimentos.
Após a divulgação da operação, a União Europeia e países importadores da carne brasileira, como China, Chile e Coreia do Sul, anunciaram restrições nas compras do produto ou pediram mais esclarecimentos. O episódio motivou também reuniões do presidente Michel Temer no fim de semana sobre o assunto, bem como manifestações do governo em apoio ao setor.
Confira, abaixo, quais as acusações que pesam contra cada uma das empresas analisadas pelo Ministério da Agricultura, bem como o que elas dizem em relação às suspeitas e sua localização:
Empresas investigadas
Os problemas apontados pelo Ministério da Agricultura após a Operação Carne Fraca e o que dizem as empresas sobre isso:
Empresa | Motivo da investigação | O quê diz a empresa |
---|---|---|
Frigorífico Oregon S/A | Corrupção frente ao processo 21034.004724/2015-08, dificultar as ações de fiscalização. | Procurada, a empresa não foi localizada |
Frango D M Industria e Comercio de Alimentos Ltda | Corrupção | A empresa afirma que foi mencionada pela doação de duas caixas de carne de frango, mas que foi uma contribuição a evento sem fins lucrativos, que a PF não encontrou irregularidades na sua fábrica, que suspendeu temporariamente suas exportações e que “reforça os padrões elevados de produção da agroindústria brasileira” |
Seara | Irregularidades no procedimento de Certificação Sanitária | A JBS, dona da marca, “repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas a adulteração de produtos – seja na produção e/ou comercialização” |
Peccin Agro Industrial Ltda – EPP (unidade Jaraguá do Sul) | Utilização de carne estragada em salsicha e linguiça, utilização de cms acima do permitido, uso de aditivos acima do limite ou de aditivos proibidos, preparam amostras | Em nota em seu site, diz que repudia “as falsas acusações”, lamenta a divulgação precipitada de “inverdades” e que confia nas apurações |
BRF | Corrupção, embaraço da fiscalização internacional e nacional, tentativa de evitar suspensão de exportação | A empresa diz que “está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua” |
Frigorífico Argus | Uso de senha do servidor do Ministério da Agricultura pelo funcionário da empresa | Em nota, o Grupo Argus, detentor da marca Frigorífico Argus, informa que Argus “ostenta uma história de 63 anos de relacionamento provado, aprovado e atestado pelo mercado qual participa ativamente, sendo este seu maior certificado de idoneidade, e que tem acima de qualquer interesse comercial, o respeito a seus clientes, fornecedores, parceiros e funcionários, oferecendo sempre produtos certificados nos mais rigorosos padrões de qualidade e em obediência a lei, inclusive servindo de modelo para outras plantas similares do país e do exterior”. |
Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda | Poluição ambiental e corrupção | O responsável pela empresa não atendeu à ligação |
Industria e Comercio de Carnes Frigosantos Ltda | Irregularidades em apuração | O responsável pela empresa não estava lá |
Peccin Agro Industrial Ltda (unidade Curitiba) | Utilização de carne estragada em salsicha e lingüiça, utilização de cms acima do permitido, uso de aditivos acima do limite ou de aditivos proibidos, preparam amostras | O responsável pela empresa não estava lá |
JJZ Alimentos S.A. | Embaraço da atividade de fiscalização e corrupção. | Em nota em seu site, diz que repudia “as falsas acusações”, lamenta a divulgação precipitada de “inverdades” e que confia nas apurações |
Balsa Comércio De Alimentos Eireli – ME | Irregularidades em apuração | A empresa não foi localizada |
Madero | Irregularidades em apuração | O presidente da empresa, Junior Durski, disse em nota que se sente “imensamente orgulhoso e feliz por ter contribuído com a Polícia Federal, com a nossa disposição e com os nossos depoimentos explicitando as extorsões dos fiscais do Ministério da Agricultura em nossa empresa” |
Frigorífico Rainha da Paz Ltda | A empresa diz, em nota, que “repudia veementemente a comercialização de produtos impróprios, alterados e inadequados para o consumo, bem como nega seu envolvimento em quaisquer atos ilícitos” e que colabora com as autoridades | A empresa diz, em nota, que “repudia veementemente a comercialização de produtos impróprios, alterados e inadequados para o consumo, bem como nega seu envolvimento em quaisquer atos ilícitos” e que colabora com as autoridades |
Indústria de Laticínios S. S. P. M. A. Ltda | ProProcurada, a empresa não foi localizada | Procurada, a empresa não foi localizada |
Breyer & Cia Ltda | Corrupção | O diretor da empresa, Henrique Breyer, disse que a companhia foi envolivda na Operação carne Fraca de maneira “lamentavelmente distorcida”, que não é acusada de vender nenhum produto prejudicial aos consumidores, que os aúdios das gravações são parte de contato normal de trabalho com fiscais e tem certificados emitidos em outra cidade por orientação do próprio ministério. A empresa espera que a situação seja esclarecida “da mesma forma que foi denegrida”. |
Frigorífico Larissa Ltda | Comércio de produtos vencidos, troca de etiquetas, transporte de produtos sem a temperatura adequada. | A empresa não retornou o contato até o momento |
Central de Carnes Paranaense Ltda – ME | Corrupção e injeção de produtos cárneos | Não foi localizado um representante da empresa |
Frigorífico Souza Ramos Ltda | Substituição de matéria-prima de peru por carne de aves, troca de favores por procedimentos fiscalizatórios. | O responsável pela comunicação não atendeu o telefone |
E. H. Constantino & Constantino Ltda | Corrupção | A empresa disse que as acusações são “infundadas”. “Não tem o que falar sobre a acusação de corrupção, sempre tiveram fiscais trabalhando de forma periódica aqui, o relacionamento com eles é estritamente profissional” |
Fábrica de Farinha de Carnes Castro Ltda | Não controle de recebimento de matéria-prima | O proprietário Valdemar Castro afirma que é prática do setor utilizar produtos de descarte para a produção de ração animal. No caso, segundo ele, foi utilizada carne vencida, mas armazenada na temperatura correta. “Às vezes, vence na própria câmara frigorífica ou no porto. Vai fazer o quê, incinerar?”. |
Transmeat Logística, Transporte e Serviços Ltda | Corrupção e injeção de produtos cárneos | O gerente de marketing Edinandes Santos diz que empresa não exporta e que foi citada de forma equivocada. “Não trabalhamos com frango e aparecemos na investigação como se tivéssemos injetado água em frango”. |