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Casal de Alto Bela Vista completa 70 anos de casamento

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Casal de Alto Bela Vista completa 70 anos de casamento

Para quem ainda vive um casamento formal, daqueles registrados em cartório, com uma grande festa e testemunhas, comemorar as Bodas de Ouro (50 anos) e chegar nas Bodas de Prata (60 anos) acaba virando um sonho. Quando as datas se aproximam, os casais já começam a organizar a família para registrar o momento, afinal, a promessa firmada, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, é cumprida à risca, principalmente na alegria. Mas que tal comemorar as Bodas de Vinho? (70 Anos). Recentemente, um casal da comunidade de Nova Entre Rios, município de Alto Bela Vista, comemorou essa façanha.

Helmuth Albino Bautz nasceu no dia 02 de fevereiro de 1923, em Mondeo, hoje município de Teutônia, RS. Com dois anos, perdeu sua mãe no parto de um irmão. Seu pai, sem condições de cria-los, os entregou à famílias conhecidas, para que fossem adotados. No dia do enterro de sua mãe, Helmuth e sua irmã Hilda foram entregues para a família de Jacob e Paulina Heller. Nas vésperas de completar 15 anos, em 1938, a família mudou-se para a comunidade Barra do Veado, que fica na atual cidade de Concórdia.

Alcila Belaci Classer Bautz nasceu em 19 de maio de 1929 em Taquara, RS. Ela é filha de Alfredo e Celina Dering Classer e mudou-se para Santa Catarina em 1940. Quando fez a 1ª comunhão, Alcina registrou uma cena que até hoje conta a seus familiares. “No dia do culto, logo após o encerramento, o pastor foi preso ao sair na estrada com seu cavalo e ficou muito tempo preso”, diz Alcila. Ela também falou de outro episódio, quando o Brasil vivia o regime do “Estado Novo” do Governo Vargas e o mundo a 2ª Guerra Mundial. Como o Brasil ficou contra a Alemanha, Vargas instituiu uma política nacional proibindo a língua alemã e sua cultura. “Tivemos que aprender o português, porque se chegassem os fiscais do governo a gente tinha que mostrar que era brasileiro”, disse.

“Eu conheci o Helmuth num baile de Kerb da comunidade. Muitos começavam a namorar nessas festas da sociedade”, conta Alcila. Depois de um ano e meio de namoro, veio o pedido de casamento.

A união ocorreu no dia 17 de maio de 1947. A cerimônia aconteceu na casa dos pais de Helmuth e foi realizada pelo Pastor Hider Poll. Por alguns anos eles ficaram morando na casa dos pais de Helmuth e tiveram seis filhos Hedio, Delio, Nelvi e os gêmeos Rudi e Rubi e Erci.

O casal começou a vida a dois trabalhando na agricultura. Em meados dos anos 60, eles decidiram comprar uma serraria a vapor, na mesma comunidade. O trabalho na serraria estava indo bem, mas uma tragédia marcou a história da família. Num descarregamento de toras, as crianças foram brincar em cima delas e o filho gêmeo Rubi acabou prensado, falecendo no local. “Logo vendemos o negócio porque estávamos tristes e voltamos a trabalhar na roça. Hoje isso está tudo embaixo da água”, conta Alcila (o local a que ela se refere é o Lago da Usina de Itá).

“Na colônia a gente plantava milho, feijão, mandioca, batata doce, arroz, de tudo”, lembra Helmuth. Outros alimentos e tecidos eram comprados no armazém em Barra do Veado.

No ano de 1965, mais um incidente abalou a família. Uma grande enchente devastou a lavoura. A casa também ficou coberta pela água e móveis, utensílios e roupas foram perdidas. “Foram mais de 48 horas de agonia”, conta Helmuth. “Os vizinhos ajudaram a amarrar a casa para água não levar embora. Perdemos mais de 300 sacas de milho. Apodreceu tudo. Tivemos muito trabalho depois para recuperar. Os vizinhos ajudaram nós”, disse Alcila.

No início dos anos 70, o casal decidiu comprar o Salão de Bailes de Entre Rios. “No salão fazíamos bailes, jogo de bolão, jogo de cartas. Ali se fazia o encontro de toda a sociedade local”. Prestes a se aposentar, o casal vendeu o salão para Osvaldo Weirich.

Com a chegada da Usina de Itá e o enchimento do lago, o casal se mudou no dia 17 de julho de 1996, para a comunidade de Nova Entre Rios, onde reside até hoje.

A vida de aposentados trouxe mais tranquilidade para eles. “Eu gosto de jogar baralho e participar do encontro dos idosos uma vez por mês. Gostamos de ir os dois, eu e o Helmuth”.

Os dois vivem na casa que Helmuth construiu e sozinhos. “Por enquanto é só nós dois, não queremos ninguém aqui junto”. Alcila ainda cozinha para os dois e só reclama que o marido nunca foi de ajudar, nem enxugando a louça. A filha, que mora numa casa próxima a eles, é que auxilia quando eles pedem. O casal costuma ficar horas no jogo de canastra. “Adoro o jogo de cartas”, registra Alcila.

Helmuth ocupa seu tempo fazendo algumas atividades que gosta, entre elas, empalhar cadeiras e construir pequenos cevadores de chimarrão. Torcedor fanático do Internacional, aos 90 anos decidiu instalar uma sky para não perder os jogos. Ele mesmo sintoniza os canais e sabe de cor a data dos jogos. É um admirador do piloto de Fórmula 1, o alemão Michael Schumacher. A filha conta que por diversas vezes ele assistia as corridas, mesmo sendo de madrugada.

Nos encontros de família, as memórias e histórias sempre são relembradas. As Bodas de Brilhante (75 anos) estão nos planos. (Geferson Schreiner/Jornal Comunidade)