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SC tem 36,8 doadores de órgão a cada milhão de habitantes, média comparada a índice internacional

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SC tem 36,8 doadores de órgão a cada milhão de habitantes, média comparada a índice internacional

Estado – Mais uma vez, Santa Catarina se destaca em doações de órgãos. A cada milhão de habitantes do Estado, 36,8 são doadores efetivos – a maior taxa do Brasil, é o dobro da média nacional (14,6). O índice é comparável ao de nações desenvolvidas como a Espanha, que lidera o ranking mundial com 39,7. Os dados se referem a 2016 e foram divulgados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

O número estadual torna-se mais significativos quando se considera a meta estipulada por milhão da população (pmp). O total brasileiro ficou abaixo dos 15,1 pmp almejados no ano passado. Já o catarinense não apenas ultrapassou em muito esse objetivo, como também as marcas estabelecidas para o Estado até 2020 (35,5 pmp). Para se ter uma ideia da diferença, em 2021 a ambição do país é comemorar 24 pmp.

– O resultado alcançado por Santa Catarina se deve a um sistema de organização mais desenvolvido. Não se deixa de notificar os casos de morte cerebral, conseguindo assim aproveitar melhor os potenciais doadores, devido à estrutura – explica o cirurgião cardiovascular José Lima Oliveira Júnior, da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO.

De fato, o Estado apresenta a melhor relação entre as notificações e sua efetivação. De 537 potenciais doadores no ano passado, 46,7% (251) acabaram beneficiando alguém com um órgão transplantado. No Brasil, esse indicador é de 29,3%. Entre os 362 pacientes que aguardavam um transplante em Santa Catarina, 294 precisavam de rim, 18 de fígado, um de coração, 12 de pâncreas/rim e 37 de córneas. Doze pessoas que estavam na fila por um órgão morreram.

Um aspecto em que ainda há margem para progredir é quanto à recusa familiar. A taxa de parentes que negam a doação de órgãos de seu ente falecido é de 37% em Santa Catarina. O percentual é menor do que o nacional (43%) e similar ao paulista, mas perde do Paraná (35%) e Distrito Federal (36%), os mais bem posicionados nessa modalidade.

– A recusa familiar continua sendo o principal entrave para avançarmos na doação de órgãos. Falta conscientização sobre a importância de salvar vidas por meio do transplante – diz Oliveira Júnior.

Santa Catarina é referência em doação de órgãos no Brasil

A equação engajamento da população e a capacitação de profissionais da saúde têm resultado em bons índices quando o assunto é doação de órgãos e tecidos em Santa Catarina. O Estado ostenta a maior taxa de doação do país. Enquanto a média brasileira de doadores efetivos por milhão de população (pmp) é de 13,4, em SC o índice é de 30,6 – número próximo ao da Espanha, país com o melhor resultado.

Para Joel de Andrade, coordenador da SC Transplantes, entidade que regula os procedimentos no Estado, há alguns fatores que explicam o protagonismo de Santa Catarina na doação de órgãos há 10 anos. Os principais deles seriam educação, treinamento e gestão de trabalho dos profissionais envolvidos no processo. Desde 2013, SC remunera todos os 150 profissionais que trabalham na cadeia de coordenação dos transplantes. Outro aspecto fundamental é a capacitação desses profissionais para conversar com as famílias enlutadas.

— Precisamos envolver cada vez mais a sociedade. Hoje no Brasil, não tenho dúvida, as pessoas que tem as melhores chances de conseguir um transplante são as que moram aqui. Isso é um produto da sociedade catarinense — defende Joel. (DC)